17 de fev. de 2024

Uma reflexão sobre valores

Descubra como identificar seus valores, diferenciá-los de objetivos e construir uma vida autêntica e gratificante.

Psicoterapeuta

Mateus Clark

17 de fev. de 2024

Uma reflexão sobre valores

Descubra como identificar seus valores, diferenciá-los de objetivos e construir uma vida autêntica e gratificante.

Psicoterapeuta

Mateus Clark

17 de fev. de 2024

Uma reflexão sobre valores

Descubra como identificar seus valores, diferenciá-los de objetivos e construir uma vida autêntica e gratificante.

Psicoterapeuta

Mateus Clark

Na minha prática clínica, um tema que muitas vezes proporciona reações de dúvida, de curiosidade ou até mesmo de confusão é quando abordo a importância de identificar e viver a partir dos nossos valores. Muitos dos meus pacientes perguntam o que seria um valor, como distinguí-lo de um objetivo, e qual a importância de buscar comportamentos comprometidos com valores. Estas perguntas me fazem refletir bastante sobre como podemos respondê-las. Então, nada mais interessante do que iniciar as minhas publicações no blog tentando responder estas dúvidas.

Segundo Russ Harris (2017), valores são descrições de como gostaríamos de nos comportar de forma que encontremos sentido na nossa existência, em diferentes áreas das nossas vidas. Pensamos em valores como formas de direcionar nossos comportamentos. Contudo, na minha prática clínica, sinto que é interessante explicar o que são valores a partir do que não são valores.

Valores não são:
  • Objetivos ou metas:

    • ser promovido

  • Como outras pessoas nos tratam:

    • ser respeitado no trabalho

  • Bens materiais:

    • Comprar muitos livros

Um exemplo de objetivo seria sair com a esposa uma vez por mês. Um objetivo é um evento, que pode ser alcançado, mas que não depende somente da ação do paciente, é específico e restrito a um contexto. Quando pensamos em valores, estes direcionam as nossas ações, de forma contínua, enfatizando no como e não em que, sendo abrangente, aplicado a diferentes contextos. Por exemplo, um valor importante para um relacionamento pode ser se conectar com o parceiro, sendo uma pessoa mais presente e amorosa.

No que se refere à discriminação dos nossos valores, observo tanto na minha prática clínica quanto na literatura, que aprendemos a discriminar os nossos valores através do autoconhecimento. Os nossos valores estão diretamente relacionados a nossa história de vida. Nesse sentido, perguntas como “olhando para sua vida, em que área você mais investe tempo e interesse?”, “o que te faz brilhar os olhos?”, “se você pudesse escolher, que tipo de pessoa você gostaria de ser?” colaboram para que pensemos sobre como estamos vivendo, e como podemos viver intencionalmente. Durante os atendimentos, gosto bastante de usar a metáfora da autobiografia. Peço para que o paciente imagine que viveu uma vida longa e gratificante, uma vida cheia de significado, e que agora decidiu escrever uma autobiografia. O que ele escreveria? O que ele mais gostaria que os seus leitores soubessem?

Diante disso, gostaria de abordar o porquê considero, como terapeuta e pessoa, importante viver uma vida pautada por valores. Estamos diariamente na possibilidade de entrar em contato com o desconforto, com a dor e com o sofrimento. Para Saban (2008), muitas vezes observamos sofrimento em situações que envolvam algo com que o indivíduo se importa. Nesse contexto, quando aprendemos a reconhecer o que traz significado para nossas vidas, entramos em contato com um senso de vitalidade e propósito, que nos motiva a estar abertos, e entrar em contato com o desconforto, se isso significar que tenhamos comportamentos comprometidos com o que nos traz significado.

Por exemplo, sempre tive o autocuidado como um valor importante, passei minha adolescência praticando esportes, viajando para competições e jogando todas as semanas. Contudo, após a pandemia, por inúmeros motivos, sentia-me extremamente ansioso ao ter a possibilidade de retornar à prática de atividades físicas. Com acompanhamento terapêutico, consegui identificar quais eram meus valores nessa área e porquê eles eram tão importantes. Esse processo contribuiu diretamente para que eu pudesse retornar gradativamente aos treinos, que são extremamente importantes para mim

Assim, quando nos tornamos mais conscientes sobre o que traz significado, podemos entrar em contato com situações e sentimentos que são desconfortáveis, caso isso seja importante para construirmos um senso de vitalidade de se relacionar com o que é valoroso. Não nos tornamos reféns do desconforto, mas aprendemos a encontrar propósito em entrar em contato com ele.


Autor

Mateus Fidel Aires Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).


Referências

Harris, R. (2017). ACT made simple: An easy to read primer on Acceptance and Commitment Therapy. Oakland, CA: New Harbinger Publications, Inc.

Saban, M,T. (2008). Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Psicologia. São Paulo, Brasil.

Na minha prática clínica, um tema que muitas vezes proporciona reações de dúvida, de curiosidade ou até mesmo de confusão é quando abordo a importância de identificar e viver a partir dos nossos valores. Muitos dos meus pacientes perguntam o que seria um valor, como distinguí-lo de um objetivo, e qual a importância de buscar comportamentos comprometidos com valores. Estas perguntas me fazem refletir bastante sobre como podemos respondê-las. Então, nada mais interessante do que iniciar as minhas publicações no blog tentando responder estas dúvidas.

Segundo Russ Harris (2017), valores são descrições de como gostaríamos de nos comportar de forma que encontremos sentido na nossa existência, em diferentes áreas das nossas vidas. Pensamos em valores como formas de direcionar nossos comportamentos. Contudo, na minha prática clínica, sinto que é interessante explicar o que são valores a partir do que não são valores.

Valores não são:
  • Objetivos ou metas:

    • ser promovido

  • Como outras pessoas nos tratam:

    • ser respeitado no trabalho

  • Bens materiais:

    • Comprar muitos livros

Um exemplo de objetivo seria sair com a esposa uma vez por mês. Um objetivo é um evento, que pode ser alcançado, mas que não depende somente da ação do paciente, é específico e restrito a um contexto. Quando pensamos em valores, estes direcionam as nossas ações, de forma contínua, enfatizando no como e não em que, sendo abrangente, aplicado a diferentes contextos. Por exemplo, um valor importante para um relacionamento pode ser se conectar com o parceiro, sendo uma pessoa mais presente e amorosa.

No que se refere à discriminação dos nossos valores, observo tanto na minha prática clínica quanto na literatura, que aprendemos a discriminar os nossos valores através do autoconhecimento. Os nossos valores estão diretamente relacionados a nossa história de vida. Nesse sentido, perguntas como “olhando para sua vida, em que área você mais investe tempo e interesse?”, “o que te faz brilhar os olhos?”, “se você pudesse escolher, que tipo de pessoa você gostaria de ser?” colaboram para que pensemos sobre como estamos vivendo, e como podemos viver intencionalmente. Durante os atendimentos, gosto bastante de usar a metáfora da autobiografia. Peço para que o paciente imagine que viveu uma vida longa e gratificante, uma vida cheia de significado, e que agora decidiu escrever uma autobiografia. O que ele escreveria? O que ele mais gostaria que os seus leitores soubessem?

Diante disso, gostaria de abordar o porquê considero, como terapeuta e pessoa, importante viver uma vida pautada por valores. Estamos diariamente na possibilidade de entrar em contato com o desconforto, com a dor e com o sofrimento. Para Saban (2008), muitas vezes observamos sofrimento em situações que envolvam algo com que o indivíduo se importa. Nesse contexto, quando aprendemos a reconhecer o que traz significado para nossas vidas, entramos em contato com um senso de vitalidade e propósito, que nos motiva a estar abertos, e entrar em contato com o desconforto, se isso significar que tenhamos comportamentos comprometidos com o que nos traz significado.

Por exemplo, sempre tive o autocuidado como um valor importante, passei minha adolescência praticando esportes, viajando para competições e jogando todas as semanas. Contudo, após a pandemia, por inúmeros motivos, sentia-me extremamente ansioso ao ter a possibilidade de retornar à prática de atividades físicas. Com acompanhamento terapêutico, consegui identificar quais eram meus valores nessa área e porquê eles eram tão importantes. Esse processo contribuiu diretamente para que eu pudesse retornar gradativamente aos treinos, que são extremamente importantes para mim

Assim, quando nos tornamos mais conscientes sobre o que traz significado, podemos entrar em contato com situações e sentimentos que são desconfortáveis, caso isso seja importante para construirmos um senso de vitalidade de se relacionar com o que é valoroso. Não nos tornamos reféns do desconforto, mas aprendemos a encontrar propósito em entrar em contato com ele.


Autor

Mateus Fidel Aires Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).


Referências

Harris, R. (2017). ACT made simple: An easy to read primer on Acceptance and Commitment Therapy. Oakland, CA: New Harbinger Publications, Inc.

Saban, M,T. (2008). Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Psicologia. São Paulo, Brasil.

Na minha prática clínica, um tema que muitas vezes proporciona reações de dúvida, de curiosidade ou até mesmo de confusão é quando abordo a importância de identificar e viver a partir dos nossos valores. Muitos dos meus pacientes perguntam o que seria um valor, como distinguí-lo de um objetivo, e qual a importância de buscar comportamentos comprometidos com valores. Estas perguntas me fazem refletir bastante sobre como podemos respondê-las. Então, nada mais interessante do que iniciar as minhas publicações no blog tentando responder estas dúvidas.

Segundo Russ Harris (2017), valores são descrições de como gostaríamos de nos comportar de forma que encontremos sentido na nossa existência, em diferentes áreas das nossas vidas. Pensamos em valores como formas de direcionar nossos comportamentos. Contudo, na minha prática clínica, sinto que é interessante explicar o que são valores a partir do que não são valores.

Valores não são:
  • Objetivos ou metas:

    • ser promovido

  • Como outras pessoas nos tratam:

    • ser respeitado no trabalho

  • Bens materiais:

    • Comprar muitos livros

Um exemplo de objetivo seria sair com a esposa uma vez por mês. Um objetivo é um evento, que pode ser alcançado, mas que não depende somente da ação do paciente, é específico e restrito a um contexto. Quando pensamos em valores, estes direcionam as nossas ações, de forma contínua, enfatizando no como e não em que, sendo abrangente, aplicado a diferentes contextos. Por exemplo, um valor importante para um relacionamento pode ser se conectar com o parceiro, sendo uma pessoa mais presente e amorosa.

No que se refere à discriminação dos nossos valores, observo tanto na minha prática clínica quanto na literatura, que aprendemos a discriminar os nossos valores através do autoconhecimento. Os nossos valores estão diretamente relacionados a nossa história de vida. Nesse sentido, perguntas como “olhando para sua vida, em que área você mais investe tempo e interesse?”, “o que te faz brilhar os olhos?”, “se você pudesse escolher, que tipo de pessoa você gostaria de ser?” colaboram para que pensemos sobre como estamos vivendo, e como podemos viver intencionalmente. Durante os atendimentos, gosto bastante de usar a metáfora da autobiografia. Peço para que o paciente imagine que viveu uma vida longa e gratificante, uma vida cheia de significado, e que agora decidiu escrever uma autobiografia. O que ele escreveria? O que ele mais gostaria que os seus leitores soubessem?

Diante disso, gostaria de abordar o porquê considero, como terapeuta e pessoa, importante viver uma vida pautada por valores. Estamos diariamente na possibilidade de entrar em contato com o desconforto, com a dor e com o sofrimento. Para Saban (2008), muitas vezes observamos sofrimento em situações que envolvam algo com que o indivíduo se importa. Nesse contexto, quando aprendemos a reconhecer o que traz significado para nossas vidas, entramos em contato com um senso de vitalidade e propósito, que nos motiva a estar abertos, e entrar em contato com o desconforto, se isso significar que tenhamos comportamentos comprometidos com o que nos traz significado.

Por exemplo, sempre tive o autocuidado como um valor importante, passei minha adolescência praticando esportes, viajando para competições e jogando todas as semanas. Contudo, após a pandemia, por inúmeros motivos, sentia-me extremamente ansioso ao ter a possibilidade de retornar à prática de atividades físicas. Com acompanhamento terapêutico, consegui identificar quais eram meus valores nessa área e porquê eles eram tão importantes. Esse processo contribuiu diretamente para que eu pudesse retornar gradativamente aos treinos, que são extremamente importantes para mim

Assim, quando nos tornamos mais conscientes sobre o que traz significado, podemos entrar em contato com situações e sentimentos que são desconfortáveis, caso isso seja importante para construirmos um senso de vitalidade de se relacionar com o que é valoroso. Não nos tornamos reféns do desconforto, mas aprendemos a encontrar propósito em entrar em contato com ele.


Autor

Mateus Fidel Aires Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).


Referências

Harris, R. (2017). ACT made simple: An easy to read primer on Acceptance and Commitment Therapy. Oakland, CA: New Harbinger Publications, Inc.

Saban, M,T. (2008). Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Psicologia. São Paulo, Brasil.

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