
Caso você já tenha se percebido pensando em cenários terríveis ou observando sua própria vida através de uma percepção enviesada da realidade, então sugiro que continue essa leitura até o final. Que fique claro que você não precisa temer os seus pensamentos, todos nós lidamos com as famosas “fanfics” criadas pela nossa mente. Foi Stephen King, escritor de “It, a coisa”, que nos disse que “mentimos melhor quando mentimos para nós mesmos”.
Então sim, todos nós temos uma imaginação fértil o suficiente para criar roteiros minimamente irreais, que nos tiram o fôlego por vezes, partindo do gênero de drama ao de terror. O problema não está no ato de pensar em si, pensamentos são passageiros e inofensivos, a não ser que passemos a agarrá-los. Assim, tudo se complica quando desenvolvemos e acreditamos nessas ideias, passando a nos comportar a partir delas.
Para entendemos melhor como funciona, preciso lhe explicar que há um termo na psicologia denominado de Fusão Cognitiva, usamos para descrever o ato de estar fundido, fixado ou preso naquilo que chamamos de “eventos privados” (pensamentos, sentimentos, emoções), atribuindo caráter de verdade e realidade a eles. Luoma, Hayes e Walser (2007) afirmam que quanto maior a fusão com os pensamentos ou sentimentos, mais incapaz a pessoa será de diferenciar esses eventos privados do que é real no ambiente. Acreditando assim que as suas percepções, a partir do pensar e do sentir, seriam literalmente o que estaria acontecendo no ambiente que está inserida.
Diante disso, surge o conceito de Desfusão Cognitiva, a ideia toda consiste em mudar a forma que nos relacionamos e interagimos com os nossos eventos privados, como os pensamentos, sem termos que lutar contra eles. A ideia é observar os pensamentos e não observar o mundo a partir deles (Luoma, Hayes & Walser, 2007).
Mas agora você deve estar se perguntando: “onde os livros de Jogos Vorazes entram nisso?”. E nesse ponto do texto, eu fico feliz em lhe conduzir à uma recapitulação do cenário de Jogos Vorazes.
Na distopia de uma realidade em que o governo da Capital fere e mata anualmente jovens de todos os distritos, criaturas são modificadas geneticamente para serem utilizadas como instrumentos de tortura. Nesse contexto existem as “teleguiadas”, que seriam vespas mortíferas produzidas pela Capital. Suas picadas criam caroços do tamanho de ameixas, contendo um veneno projetado para direcionar o medo no cérebro da vítima e alterar as suas memórias, causando alucinações que levam pessoas à loucura. Elas foram utilizadas, em conjunto com imagens modificadas, para fazer com que Peeta Mellark, um doce e querido jovem, fosse transformado em uma pessoa imprevisível e violenta.
Peeta passa a ter dificuldades de identificar o que é real ou não, já que as suas memórias foram alteradas. O veneno alucinógeno associado a deturpação de fatos faz com que ele não consiga mais ter convicções absolutas ou saber no que acreditar. Assim, entramos em uma cena do livro Esperança, na qual é feito o seguinte diálogo, quando Peeta diz
- “O problema é que não consigo dizer mais o que é real e o que é inventado”
A voz de Finnick se ergue no meio das sombras
- “Então você devia perguntar, Peeta. É o que a Annie, faz”
- “Perguntar a quem?” Diz Peeta. “Em quem posso confiar?”
- “Bom, em nós, para começo de conversa, somos o seu esquadrão”, diz Jackson
Nesse contexto é que eu trago um dos melhores exemplos do que seriam os testes de realidade: colocar a prova nossos pensamentos de acordo com o que é concreto e real. Para isso, podemos nos valer da ajuda de pessoas de confiança, que nos passam segurança, só precisamos escolher bem o nosso “esquadrão”.
Claro que é possível fazer os testes de realidade individualmente, questionando a partir da razão as teorias que possam surgir em nossa cabeça. Só que às vezes estamos tão imersos e fusionados no nosso caos mental que precisamos de uma ajuda externa, então nesses casos podemos agir como Peeta, perguntando em um espaço seguro se o que estamos pensando está alinhado ou não com a realidade.
Entenda que a sua história não precisa ter vilões, muito suspense, desespero ou um narrador melodramático. Ela só precisa de propósito, bons personagens e leveza; entendendo que esses aspectos precisam ser desenvolvidos e construídos. Achamos que as melhores histórias são as mais intensas, mas esquecemos que qualquer reviravolta só é bem aceita se fizer sentido e sempre pode ser resolvida com ações compromissadas, visando um equilíbrio emocional enquanto se constroi uma vida significativa.
Desse modo, eu lhe convido a narrar e protagonizar uma história com cenários saudáveis, que são reais, dentro de um enredo que valha a pena ser vivido. Aprendendo a fazer testes de realidade e se voltando para o que realmente está acontecendo. Não condicione sua razão à ideia de que a sorte precisa sempre estar ao seu favor, basta que você seja consciente e intencional ao se comprometer com a sua própria vida.
Autor
Sandy Brena Cardozo de Almeida, Psicóloga Clínica CRP 11/17057. Pós-graduada em Neuropsicologia com formação em reabilitação cognitiva pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pós-graduanda em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).
Referências
Collins, Suzanne (2012). A esperança: trilogia de Jogos Vorazes. Rocco: Rio de Janeiro, Brasil
Hayes, S. C., & Smith, S. (2005). Get out of your mind and into your life: the new acceptance and commitment therapy. New Harbinger Publications.
Luoma, J. B., Hayes, S. C., & Walser, R. D. (2007). Learning ACT: an acceptance & commitment therapy skills-training manual for therapists. New Harbinger Publications.
Stephen King (2014). It: A coisa. Suma: Brasil.

Caso você já tenha se percebido pensando em cenários terríveis ou observando sua própria vida através de uma percepção enviesada da realidade, então sugiro que continue essa leitura até o final. Que fique claro que você não precisa temer os seus pensamentos, todos nós lidamos com as famosas “fanfics” criadas pela nossa mente. Foi Stephen King, escritor de “It, a coisa”, que nos disse que “mentimos melhor quando mentimos para nós mesmos”.
Então sim, todos nós temos uma imaginação fértil o suficiente para criar roteiros minimamente irreais, que nos tiram o fôlego por vezes, partindo do gênero de drama ao de terror. O problema não está no ato de pensar em si, pensamentos são passageiros e inofensivos, a não ser que passemos a agarrá-los. Assim, tudo se complica quando desenvolvemos e acreditamos nessas ideias, passando a nos comportar a partir delas.
Para entendemos melhor como funciona, preciso lhe explicar que há um termo na psicologia denominado de Fusão Cognitiva, usamos para descrever o ato de estar fundido, fixado ou preso naquilo que chamamos de “eventos privados” (pensamentos, sentimentos, emoções), atribuindo caráter de verdade e realidade a eles. Luoma, Hayes e Walser (2007) afirmam que quanto maior a fusão com os pensamentos ou sentimentos, mais incapaz a pessoa será de diferenciar esses eventos privados do que é real no ambiente. Acreditando assim que as suas percepções, a partir do pensar e do sentir, seriam literalmente o que estaria acontecendo no ambiente que está inserida.
Diante disso, surge o conceito de Desfusão Cognitiva, a ideia toda consiste em mudar a forma que nos relacionamos e interagimos com os nossos eventos privados, como os pensamentos, sem termos que lutar contra eles. A ideia é observar os pensamentos e não observar o mundo a partir deles (Luoma, Hayes & Walser, 2007).
Mas agora você deve estar se perguntando: “onde os livros de Jogos Vorazes entram nisso?”. E nesse ponto do texto, eu fico feliz em lhe conduzir à uma recapitulação do cenário de Jogos Vorazes.
Na distopia de uma realidade em que o governo da Capital fere e mata anualmente jovens de todos os distritos, criaturas são modificadas geneticamente para serem utilizadas como instrumentos de tortura. Nesse contexto existem as “teleguiadas”, que seriam vespas mortíferas produzidas pela Capital. Suas picadas criam caroços do tamanho de ameixas, contendo um veneno projetado para direcionar o medo no cérebro da vítima e alterar as suas memórias, causando alucinações que levam pessoas à loucura. Elas foram utilizadas, em conjunto com imagens modificadas, para fazer com que Peeta Mellark, um doce e querido jovem, fosse transformado em uma pessoa imprevisível e violenta.
Peeta passa a ter dificuldades de identificar o que é real ou não, já que as suas memórias foram alteradas. O veneno alucinógeno associado a deturpação de fatos faz com que ele não consiga mais ter convicções absolutas ou saber no que acreditar. Assim, entramos em uma cena do livro Esperança, na qual é feito o seguinte diálogo, quando Peeta diz
- “O problema é que não consigo dizer mais o que é real e o que é inventado”
A voz de Finnick se ergue no meio das sombras
- “Então você devia perguntar, Peeta. É o que a Annie, faz”
- “Perguntar a quem?” Diz Peeta. “Em quem posso confiar?”
- “Bom, em nós, para começo de conversa, somos o seu esquadrão”, diz Jackson
Nesse contexto é que eu trago um dos melhores exemplos do que seriam os testes de realidade: colocar a prova nossos pensamentos de acordo com o que é concreto e real. Para isso, podemos nos valer da ajuda de pessoas de confiança, que nos passam segurança, só precisamos escolher bem o nosso “esquadrão”.
Claro que é possível fazer os testes de realidade individualmente, questionando a partir da razão as teorias que possam surgir em nossa cabeça. Só que às vezes estamos tão imersos e fusionados no nosso caos mental que precisamos de uma ajuda externa, então nesses casos podemos agir como Peeta, perguntando em um espaço seguro se o que estamos pensando está alinhado ou não com a realidade.
Entenda que a sua história não precisa ter vilões, muito suspense, desespero ou um narrador melodramático. Ela só precisa de propósito, bons personagens e leveza; entendendo que esses aspectos precisam ser desenvolvidos e construídos. Achamos que as melhores histórias são as mais intensas, mas esquecemos que qualquer reviravolta só é bem aceita se fizer sentido e sempre pode ser resolvida com ações compromissadas, visando um equilíbrio emocional enquanto se constroi uma vida significativa.
Desse modo, eu lhe convido a narrar e protagonizar uma história com cenários saudáveis, que são reais, dentro de um enredo que valha a pena ser vivido. Aprendendo a fazer testes de realidade e se voltando para o que realmente está acontecendo. Não condicione sua razão à ideia de que a sorte precisa sempre estar ao seu favor, basta que você seja consciente e intencional ao se comprometer com a sua própria vida.
Autor
Sandy Brena Cardozo de Almeida, Psicóloga Clínica CRP 11/17057. Pós-graduada em Neuropsicologia com formação em reabilitação cognitiva pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pós-graduanda em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).
Referências
Collins, Suzanne (2012). A esperança: trilogia de Jogos Vorazes. Rocco: Rio de Janeiro, Brasil
Hayes, S. C., & Smith, S. (2005). Get out of your mind and into your life: the new acceptance and commitment therapy. New Harbinger Publications.
Luoma, J. B., Hayes, S. C., & Walser, R. D. (2007). Learning ACT: an acceptance & commitment therapy skills-training manual for therapists. New Harbinger Publications.
Stephen King (2014). It: A coisa. Suma: Brasil.

Caso você já tenha se percebido pensando em cenários terríveis ou observando sua própria vida através de uma percepção enviesada da realidade, então sugiro que continue essa leitura até o final. Que fique claro que você não precisa temer os seus pensamentos, todos nós lidamos com as famosas “fanfics” criadas pela nossa mente. Foi Stephen King, escritor de “It, a coisa”, que nos disse que “mentimos melhor quando mentimos para nós mesmos”.
Então sim, todos nós temos uma imaginação fértil o suficiente para criar roteiros minimamente irreais, que nos tiram o fôlego por vezes, partindo do gênero de drama ao de terror. O problema não está no ato de pensar em si, pensamentos são passageiros e inofensivos, a não ser que passemos a agarrá-los. Assim, tudo se complica quando desenvolvemos e acreditamos nessas ideias, passando a nos comportar a partir delas.
Para entendemos melhor como funciona, preciso lhe explicar que há um termo na psicologia denominado de Fusão Cognitiva, usamos para descrever o ato de estar fundido, fixado ou preso naquilo que chamamos de “eventos privados” (pensamentos, sentimentos, emoções), atribuindo caráter de verdade e realidade a eles. Luoma, Hayes e Walser (2007) afirmam que quanto maior a fusão com os pensamentos ou sentimentos, mais incapaz a pessoa será de diferenciar esses eventos privados do que é real no ambiente. Acreditando assim que as suas percepções, a partir do pensar e do sentir, seriam literalmente o que estaria acontecendo no ambiente que está inserida.
Diante disso, surge o conceito de Desfusão Cognitiva, a ideia toda consiste em mudar a forma que nos relacionamos e interagimos com os nossos eventos privados, como os pensamentos, sem termos que lutar contra eles. A ideia é observar os pensamentos e não observar o mundo a partir deles (Luoma, Hayes & Walser, 2007).
Mas agora você deve estar se perguntando: “onde os livros de Jogos Vorazes entram nisso?”. E nesse ponto do texto, eu fico feliz em lhe conduzir à uma recapitulação do cenário de Jogos Vorazes.
Na distopia de uma realidade em que o governo da Capital fere e mata anualmente jovens de todos os distritos, criaturas são modificadas geneticamente para serem utilizadas como instrumentos de tortura. Nesse contexto existem as “teleguiadas”, que seriam vespas mortíferas produzidas pela Capital. Suas picadas criam caroços do tamanho de ameixas, contendo um veneno projetado para direcionar o medo no cérebro da vítima e alterar as suas memórias, causando alucinações que levam pessoas à loucura. Elas foram utilizadas, em conjunto com imagens modificadas, para fazer com que Peeta Mellark, um doce e querido jovem, fosse transformado em uma pessoa imprevisível e violenta.
Peeta passa a ter dificuldades de identificar o que é real ou não, já que as suas memórias foram alteradas. O veneno alucinógeno associado a deturpação de fatos faz com que ele não consiga mais ter convicções absolutas ou saber no que acreditar. Assim, entramos em uma cena do livro Esperança, na qual é feito o seguinte diálogo, quando Peeta diz
- “O problema é que não consigo dizer mais o que é real e o que é inventado”
A voz de Finnick se ergue no meio das sombras
- “Então você devia perguntar, Peeta. É o que a Annie, faz”
- “Perguntar a quem?” Diz Peeta. “Em quem posso confiar?”
- “Bom, em nós, para começo de conversa, somos o seu esquadrão”, diz Jackson
Nesse contexto é que eu trago um dos melhores exemplos do que seriam os testes de realidade: colocar a prova nossos pensamentos de acordo com o que é concreto e real. Para isso, podemos nos valer da ajuda de pessoas de confiança, que nos passam segurança, só precisamos escolher bem o nosso “esquadrão”.
Claro que é possível fazer os testes de realidade individualmente, questionando a partir da razão as teorias que possam surgir em nossa cabeça. Só que às vezes estamos tão imersos e fusionados no nosso caos mental que precisamos de uma ajuda externa, então nesses casos podemos agir como Peeta, perguntando em um espaço seguro se o que estamos pensando está alinhado ou não com a realidade.
Entenda que a sua história não precisa ter vilões, muito suspense, desespero ou um narrador melodramático. Ela só precisa de propósito, bons personagens e leveza; entendendo que esses aspectos precisam ser desenvolvidos e construídos. Achamos que as melhores histórias são as mais intensas, mas esquecemos que qualquer reviravolta só é bem aceita se fizer sentido e sempre pode ser resolvida com ações compromissadas, visando um equilíbrio emocional enquanto se constroi uma vida significativa.
Desse modo, eu lhe convido a narrar e protagonizar uma história com cenários saudáveis, que são reais, dentro de um enredo que valha a pena ser vivido. Aprendendo a fazer testes de realidade e se voltando para o que realmente está acontecendo. Não condicione sua razão à ideia de que a sorte precisa sempre estar ao seu favor, basta que você seja consciente e intencional ao se comprometer com a sua própria vida.
Autor
Sandy Brena Cardozo de Almeida, Psicóloga Clínica CRP 11/17057. Pós-graduada em Neuropsicologia com formação em reabilitação cognitiva pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pós-graduanda em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).
Referências
Collins, Suzanne (2012). A esperança: trilogia de Jogos Vorazes. Rocco: Rio de Janeiro, Brasil
Hayes, S. C., & Smith, S. (2005). Get out of your mind and into your life: the new acceptance and commitment therapy. New Harbinger Publications.
Luoma, J. B., Hayes, S. C., & Walser, R. D. (2007). Learning ACT: an acceptance & commitment therapy skills-training manual for therapists. New Harbinger Publications.
Stephen King (2014). It: A coisa. Suma: Brasil.

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