17 de mar. de 2024

Estar presente no momento

Análise do filme "Questão de Tempo" sob a perspectiva da ACT

Psicoterapeuta

Mateus Clark

17 de mar. de 2024

Estar presente no momento

Análise do filme "Questão de Tempo" sob a perspectiva da ACT

Psicoterapeuta

Mateus Clark

17 de mar. de 2024

Estar presente no momento

Análise do filme "Questão de Tempo" sob a perspectiva da ACT

Psicoterapeuta

Mateus Clark

Observação: contém spoilers! 

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma das abordagens da terceira geração da Terapia Comportamental, oferecendo um novo enfoque para essa área, por meio de uma visão contextualista dos eventos privados (pensamentos, sentimentos, sensações físicas, entre outros). Para essa abordagem, o sofrimento humano é produto da generalização errônea dos processos psicológicos que envolvem métodos de solução de problemas, que contribui para a inflexibilidade psicológica, que os autores da ACT consideram como a principal fonte do sofrimento é a inflexibilidade psicológica.

Diante disso, Hayes et al (2021) propõem que a alternativa para lidar com o sofrimento está na flexibilidade psicológica, que é a capacidade de responder ao desconforto diferentemente, ao invés de evitá-lo, tendo comportamentos condizentes com os valores pessoais. Esses autores estabelecem seis processos que contribuem coletivamente para  flexibilidade psicológica: desfusão cognitiva, aceitação, estar presente, tomada de perspectiva do self, valores e ações comprometidas. 

Sob esse viés, um dos pilares para a promoção da flexibilidade psicológica é a atenção ao momento presente. Para Luoma et al. (2022), “a vida é sempre vivida aqui e agora. Não há nada que possa ser experienciado diretamente a não ser o momento presente”. Contudo, é comum que fiquemos excessivamente absorvidos por um futuro conceituado ou ruminando o passado, e, assim,  perdendo contato com o momento presente. Muito sofrimento é fruto da evitação de experiências internas desconfortáveis, da fusão com os pensamentos ou das tentativas ineficazes de técnicas de solução de problemas com questões que ocorrem no presente. 

Nesse contexto, a ACT busca promover que o fato de estar presente no momento é essencial quando o foco no aqui-agora funciona melhor, pois é justamente o local onde as oportunidades dadas pelo ambiente estão (Luoma et al., 2022). Diante disso, o filme “Questão de Tempo” retrata um cenário fictício, mas apresenta muitas reflexões interessantes sobre como lidar com o estar presente no momento. 

No longa, o jovem Tim descobre que os homens da sua família têm a habilidade de viajar para o passado, e utiliza essa habilidade para diversos propósitos, como conquistar a mulher pela qual se apaixona, ajudar um amigo a conquistar seus desejos profissionais, evitar desastres familiares e lidar com o luto. Além disso, ao discorrer da obra, percebe-se que vai muito além da viagem no tempo, explorando a importância de viver plenamente cada momento, apreciar as pequenas coisas da vida e aceitar as imperfeições que a tornam única.

Durante o filme, o personagem Tim está constantemente preocupado com o passado, ou com as possíveis consequências para um futuro idealizado. Por contar com a sua habilidade, continuamente volta ao passado para mudar escolhas feitas por ele, ou por pessoas que são importantes. Para Hayes et al (2021), enquanto estamos exageradamente fixados ao passado ou ao futuro, ocupando-se repetidamente deles, a vida escapa, e deixamos de desfrutar o que ela pode nos oferecer no agora. Por exemplo, ao tentar reescrever a vida da sua irmã, ele retorna para uma realidade em que sua filha não existe. Assim, o protagonista entra em contato com o fato de que a viagem no tempo pode dar a Tim a capacidade única de voltar e tentar ajudar amigos e familiares quando eles enfrentam dificuldades, mas também expõe os limites do presente e a inevitabilidade do fim da vida. 

Para Hayes et al (2021), o agora é o local onde os outros atributos que constroem a flexibilidade psicológica podem ser vivenciados. Os autores afirmam que a grande importância de viver no momento presente está na flexibilidade e em como podemos praticar aceitação e desfusão dos nossos eventos internos, pondo em prática ações comprometidas com os nossos valores. Nesse contexto, no final do filme, após uma grande batalha do protagonista em querer controlar as consequências causadas pelo tempo, ele vai diminuindo a frequência com que viaja no tempo. Após a morte do pai, Tim põe em prática uma estratégia ensinada por ele: viver o mesmo dia duas vezes. Nesta experiência, Tim vivência o segundo dia da mesma forma do primeiro, mas direciona sua atenção para pequenos detalhes que estão acontecendo no momento presente, desfrutando de momentos que da primeira vez foram desafiadores, como apreciar a estética do tribunal onde trabalha, ser gentil com a atendente de um restaurante e até mesmo desfrutar de uma reunião tediosa com seu amigo de trabalho. Diante desta experiência, ele entra em contato com a dádiva de notar o que está presente, apreciando o ato de viver. Tim decide viver cada dia como se ele tivesse voltado para este dia de forma intencionalmente, optando por abrir mão das suas viagens no tempo. 

Nesse cenário, Vanderbegh e Assunção (2009), discutem sobre a importância de promover a flexibilidade, no intuito de aumentar a habilidade de se adaptar ao seu ambiente de uma maneira que faça sentido para uma vida valorosa. Para os autores, a flexibilidade possibilita ao indivíduo ser mais autêntico, ver os benefícios de erros cometidos, entre outras vantagens. Dessa maneira, o filme aborda como podemos viver uma vida valorosa, estando no agora, mesmo que esse momento presente contenha experiências desafiadoras e assustadoras, externa ou internamente. 

O filme “Questão de Tempo” é uma ficção que retrata uma realidade sobre-humana, mas consegue trazer reflexões extremamente pertinentes para a realidade em que vivemos. A obra destaca a ideia de que, mesmo com o poder de alterar o passado, a verdadeira felicidade reside em aproveitar cada instante e aceitar a vida como ela é. Diante disso, esse filme é uma ferramenta poderosa para trabalhar conceitos experienciais com base na ACT.


Autor

Mateus Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).

Observação: contém spoilers! 

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma das abordagens da terceira geração da Terapia Comportamental, oferecendo um novo enfoque para essa área, por meio de uma visão contextualista dos eventos privados (pensamentos, sentimentos, sensações físicas, entre outros). Para essa abordagem, o sofrimento humano é produto da generalização errônea dos processos psicológicos que envolvem métodos de solução de problemas, que contribui para a inflexibilidade psicológica, que os autores da ACT consideram como a principal fonte do sofrimento é a inflexibilidade psicológica.

Diante disso, Hayes et al (2021) propõem que a alternativa para lidar com o sofrimento está na flexibilidade psicológica, que é a capacidade de responder ao desconforto diferentemente, ao invés de evitá-lo, tendo comportamentos condizentes com os valores pessoais. Esses autores estabelecem seis processos que contribuem coletivamente para  flexibilidade psicológica: desfusão cognitiva, aceitação, estar presente, tomada de perspectiva do self, valores e ações comprometidas. 

Sob esse viés, um dos pilares para a promoção da flexibilidade psicológica é a atenção ao momento presente. Para Luoma et al. (2022), “a vida é sempre vivida aqui e agora. Não há nada que possa ser experienciado diretamente a não ser o momento presente”. Contudo, é comum que fiquemos excessivamente absorvidos por um futuro conceituado ou ruminando o passado, e, assim,  perdendo contato com o momento presente. Muito sofrimento é fruto da evitação de experiências internas desconfortáveis, da fusão com os pensamentos ou das tentativas ineficazes de técnicas de solução de problemas com questões que ocorrem no presente. 

Nesse contexto, a ACT busca promover que o fato de estar presente no momento é essencial quando o foco no aqui-agora funciona melhor, pois é justamente o local onde as oportunidades dadas pelo ambiente estão (Luoma et al., 2022). Diante disso, o filme “Questão de Tempo” retrata um cenário fictício, mas apresenta muitas reflexões interessantes sobre como lidar com o estar presente no momento. 

No longa, o jovem Tim descobre que os homens da sua família têm a habilidade de viajar para o passado, e utiliza essa habilidade para diversos propósitos, como conquistar a mulher pela qual se apaixona, ajudar um amigo a conquistar seus desejos profissionais, evitar desastres familiares e lidar com o luto. Além disso, ao discorrer da obra, percebe-se que vai muito além da viagem no tempo, explorando a importância de viver plenamente cada momento, apreciar as pequenas coisas da vida e aceitar as imperfeições que a tornam única.

Durante o filme, o personagem Tim está constantemente preocupado com o passado, ou com as possíveis consequências para um futuro idealizado. Por contar com a sua habilidade, continuamente volta ao passado para mudar escolhas feitas por ele, ou por pessoas que são importantes. Para Hayes et al (2021), enquanto estamos exageradamente fixados ao passado ou ao futuro, ocupando-se repetidamente deles, a vida escapa, e deixamos de desfrutar o que ela pode nos oferecer no agora. Por exemplo, ao tentar reescrever a vida da sua irmã, ele retorna para uma realidade em que sua filha não existe. Assim, o protagonista entra em contato com o fato de que a viagem no tempo pode dar a Tim a capacidade única de voltar e tentar ajudar amigos e familiares quando eles enfrentam dificuldades, mas também expõe os limites do presente e a inevitabilidade do fim da vida. 

Para Hayes et al (2021), o agora é o local onde os outros atributos que constroem a flexibilidade psicológica podem ser vivenciados. Os autores afirmam que a grande importância de viver no momento presente está na flexibilidade e em como podemos praticar aceitação e desfusão dos nossos eventos internos, pondo em prática ações comprometidas com os nossos valores. Nesse contexto, no final do filme, após uma grande batalha do protagonista em querer controlar as consequências causadas pelo tempo, ele vai diminuindo a frequência com que viaja no tempo. Após a morte do pai, Tim põe em prática uma estratégia ensinada por ele: viver o mesmo dia duas vezes. Nesta experiência, Tim vivência o segundo dia da mesma forma do primeiro, mas direciona sua atenção para pequenos detalhes que estão acontecendo no momento presente, desfrutando de momentos que da primeira vez foram desafiadores, como apreciar a estética do tribunal onde trabalha, ser gentil com a atendente de um restaurante e até mesmo desfrutar de uma reunião tediosa com seu amigo de trabalho. Diante desta experiência, ele entra em contato com a dádiva de notar o que está presente, apreciando o ato de viver. Tim decide viver cada dia como se ele tivesse voltado para este dia de forma intencionalmente, optando por abrir mão das suas viagens no tempo. 

Nesse cenário, Vanderbegh e Assunção (2009), discutem sobre a importância de promover a flexibilidade, no intuito de aumentar a habilidade de se adaptar ao seu ambiente de uma maneira que faça sentido para uma vida valorosa. Para os autores, a flexibilidade possibilita ao indivíduo ser mais autêntico, ver os benefícios de erros cometidos, entre outras vantagens. Dessa maneira, o filme aborda como podemos viver uma vida valorosa, estando no agora, mesmo que esse momento presente contenha experiências desafiadoras e assustadoras, externa ou internamente. 

O filme “Questão de Tempo” é uma ficção que retrata uma realidade sobre-humana, mas consegue trazer reflexões extremamente pertinentes para a realidade em que vivemos. A obra destaca a ideia de que, mesmo com o poder de alterar o passado, a verdadeira felicidade reside em aproveitar cada instante e aceitar a vida como ela é. Diante disso, esse filme é uma ferramenta poderosa para trabalhar conceitos experienciais com base na ACT.


Autor

Mateus Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).

Observação: contém spoilers! 

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma das abordagens da terceira geração da Terapia Comportamental, oferecendo um novo enfoque para essa área, por meio de uma visão contextualista dos eventos privados (pensamentos, sentimentos, sensações físicas, entre outros). Para essa abordagem, o sofrimento humano é produto da generalização errônea dos processos psicológicos que envolvem métodos de solução de problemas, que contribui para a inflexibilidade psicológica, que os autores da ACT consideram como a principal fonte do sofrimento é a inflexibilidade psicológica.

Diante disso, Hayes et al (2021) propõem que a alternativa para lidar com o sofrimento está na flexibilidade psicológica, que é a capacidade de responder ao desconforto diferentemente, ao invés de evitá-lo, tendo comportamentos condizentes com os valores pessoais. Esses autores estabelecem seis processos que contribuem coletivamente para  flexibilidade psicológica: desfusão cognitiva, aceitação, estar presente, tomada de perspectiva do self, valores e ações comprometidas. 

Sob esse viés, um dos pilares para a promoção da flexibilidade psicológica é a atenção ao momento presente. Para Luoma et al. (2022), “a vida é sempre vivida aqui e agora. Não há nada que possa ser experienciado diretamente a não ser o momento presente”. Contudo, é comum que fiquemos excessivamente absorvidos por um futuro conceituado ou ruminando o passado, e, assim,  perdendo contato com o momento presente. Muito sofrimento é fruto da evitação de experiências internas desconfortáveis, da fusão com os pensamentos ou das tentativas ineficazes de técnicas de solução de problemas com questões que ocorrem no presente. 

Nesse contexto, a ACT busca promover que o fato de estar presente no momento é essencial quando o foco no aqui-agora funciona melhor, pois é justamente o local onde as oportunidades dadas pelo ambiente estão (Luoma et al., 2022). Diante disso, o filme “Questão de Tempo” retrata um cenário fictício, mas apresenta muitas reflexões interessantes sobre como lidar com o estar presente no momento. 

No longa, o jovem Tim descobre que os homens da sua família têm a habilidade de viajar para o passado, e utiliza essa habilidade para diversos propósitos, como conquistar a mulher pela qual se apaixona, ajudar um amigo a conquistar seus desejos profissionais, evitar desastres familiares e lidar com o luto. Além disso, ao discorrer da obra, percebe-se que vai muito além da viagem no tempo, explorando a importância de viver plenamente cada momento, apreciar as pequenas coisas da vida e aceitar as imperfeições que a tornam única.

Durante o filme, o personagem Tim está constantemente preocupado com o passado, ou com as possíveis consequências para um futuro idealizado. Por contar com a sua habilidade, continuamente volta ao passado para mudar escolhas feitas por ele, ou por pessoas que são importantes. Para Hayes et al (2021), enquanto estamos exageradamente fixados ao passado ou ao futuro, ocupando-se repetidamente deles, a vida escapa, e deixamos de desfrutar o que ela pode nos oferecer no agora. Por exemplo, ao tentar reescrever a vida da sua irmã, ele retorna para uma realidade em que sua filha não existe. Assim, o protagonista entra em contato com o fato de que a viagem no tempo pode dar a Tim a capacidade única de voltar e tentar ajudar amigos e familiares quando eles enfrentam dificuldades, mas também expõe os limites do presente e a inevitabilidade do fim da vida. 

Para Hayes et al (2021), o agora é o local onde os outros atributos que constroem a flexibilidade psicológica podem ser vivenciados. Os autores afirmam que a grande importância de viver no momento presente está na flexibilidade e em como podemos praticar aceitação e desfusão dos nossos eventos internos, pondo em prática ações comprometidas com os nossos valores. Nesse contexto, no final do filme, após uma grande batalha do protagonista em querer controlar as consequências causadas pelo tempo, ele vai diminuindo a frequência com que viaja no tempo. Após a morte do pai, Tim põe em prática uma estratégia ensinada por ele: viver o mesmo dia duas vezes. Nesta experiência, Tim vivência o segundo dia da mesma forma do primeiro, mas direciona sua atenção para pequenos detalhes que estão acontecendo no momento presente, desfrutando de momentos que da primeira vez foram desafiadores, como apreciar a estética do tribunal onde trabalha, ser gentil com a atendente de um restaurante e até mesmo desfrutar de uma reunião tediosa com seu amigo de trabalho. Diante desta experiência, ele entra em contato com a dádiva de notar o que está presente, apreciando o ato de viver. Tim decide viver cada dia como se ele tivesse voltado para este dia de forma intencionalmente, optando por abrir mão das suas viagens no tempo. 

Nesse cenário, Vanderbegh e Assunção (2009), discutem sobre a importância de promover a flexibilidade, no intuito de aumentar a habilidade de se adaptar ao seu ambiente de uma maneira que faça sentido para uma vida valorosa. Para os autores, a flexibilidade possibilita ao indivíduo ser mais autêntico, ver os benefícios de erros cometidos, entre outras vantagens. Dessa maneira, o filme aborda como podemos viver uma vida valorosa, estando no agora, mesmo que esse momento presente contenha experiências desafiadoras e assustadoras, externa ou internamente. 

O filme “Questão de Tempo” é uma ficção que retrata uma realidade sobre-humana, mas consegue trazer reflexões extremamente pertinentes para a realidade em que vivemos. A obra destaca a ideia de que, mesmo com o poder de alterar o passado, a verdadeira felicidade reside em aproveitar cada instante e aceitar a vida como ela é. Diante disso, esse filme é uma ferramenta poderosa para trabalhar conceitos experienciais com base na ACT.


Autor

Mateus Clark, Psicólogo Clínico CRP 11/19577. Pós- graduando em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental Contextual (CECONTE).

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